Entenda como é o tratamento endovascular da doença ateromatosa extracraniana
Postado em: 09/06/2021
A doença ateromatosa, também conhecida como aterosclerose, pode ocorrer tanto em vasos sanguíneos localizados no interior do crânio quando em seu exterior. Nos dois casos, ela representa alto risco de provocar um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), quando há obstrução de uma artéria impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo.
Por isso, quando a doença ateromatosa é detectada, é necessário iniciar o tratamento o mais breve possível com medicamentos e, em alguns casos, pode ser indicada a realização de intervenções cirúrgicas.
Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre o tratamento da obstrução de artérias extracranianas e entender quando é indicado realizar um procedimento endovascular.
Para saber também sobre a doença ateromatosa intracraniana, você pode acessar o texto: Entenda o tratamento endovascular de doenças ateromatosas intracranianas.
Onde ocorre a doença ateromatosa extracraniana
A doença ateromatosa extracraniana pode afetar as artérias carótidas comuns, internas extracranianas (segmentos: cervical, pertroso e cavernoso), subclávias e vertebrais extracranianas. O local mais atingido é a origem ou o bulbo da artéria carótida interna.
Lesões arterioscleróticas da porção extracraniana da artéria carótida são a causa de 10% a 20% de todos os acidentes vasculares isquêmicos.
Quem está sujeito à doença ateromatosa extracraniana
A doença ateromatosa extracraniana pode ocorrer em pessoas de todos os tipos, no entanto, ela é mais frequente em pessoas mais velhas, especialmente homens a partir de dos 65 anos. Segundo o estudo “Ischemic Stroke Subtype Incidence Among Whites, Blacks, and Hispanics”, a aterosclerose que ocorre fora do crânio é mais comum na população caucasiana de origem ocidental.
Como é feito o tratamento
A primeira linha de tratamento para doenças ateromatosas, qualquer que seja sua localização, é a utilização de medicamentos anticoagulantes, antitrombóticos e antiplaquetários. Isso, portanto, também ocorre na doença ateromatosa extracraniana.
Porém, muitas vezes, a estenose (obstrução da artéria por placas formadas por cálcio e colesterol) é tão importante que apenas o uso dessas substâncias não é suficiente. Nesses casos, os médicos que cuidam do paciente avaliam a possibilidade de realizar um procedimento de revascularização. Ou seja, de fazer uma intervenção direta no lugar onde há dificuldade de circulação para se restabelecer o fluxo sanguíneo.
Essa intervenção pode ser feita por meio de operação aberta (endartectomia) ou utilizando o método endovascular, que pode incluir angioplastia e colocação de stent. Apesar da endartectomia ser realizada com mais frequência, o procedimento endovascular está indicado para algumas situações específicas com bons resultados.
Segundo a publicação “Surgical and Endovascular Treatment of Extracranial Carotid Stenosis”, o método endovascular varia entre 5% e 18% de todos os procedimentos eletivos contra aterosclerose realizados em países europeus, na Austrália e nos Estados Unidos.
Tratamento endovascular na aterosclerose extracraniana
No tratamento endovascular, é realizada uma angioplastia, que pode estar associada ou não à colocação de stent. O procedimento é realizado introduzindo-se um cateter em uma artéria da perna (femoral) ou do braço (radial ou braquial). Esse cateter é levado cuidadosamente até próximo ao local da estenose provocada pela placa de ateroma.
Por meio dele, coloca-se um microguia, que avança pelo local da estenose e é posicionado distalmente (a certa distância da obstrução). Pelo microguia, pode ser introduzido um cateter balão. Ele fica abaixo da estenose e é insuflado para que a artéria se abra novamente.
É possível fazer somente a dilatação da artéria com balão ou pode-se associar esse procedimento à colocação de um stent — estrutura metálica que se abre dentro da artéria e permanece ali, fazendo com que ela continue aberta por completo. A angioplastia pode ser feita antes ou após a colocação do stent. Essa decisão depende da localização da estenose.
Indicações para tratamento endovascular
De forma geral, o tratamento cirúrgico da ateromatose pode ser indicado quando a obstrução de uma artéria extracraniana é igual ou superior a 60% e o paciente não apresenta sintomas. Também pode ser realizado em obstruções menores quando o paciente tem sintomas detectados ou é refratário ao tratamento com medicamentos. Isso porque os pacientes sintomáticos correm maior risco de sofrerem um AVC. O recomendado é que o tratamento de estenoses carotídeas sintomáticas ocorra em até 14 dias.
Entre as vantagens de se tratar a estenose da artéria carótida de forma endovascular, com angioplastia e/ou implante de stent, podemos citar:
- Evitar a anestesia geral e suas complicações;
- Risco reduzido de infarto do miocárdio e embolia pulmonar;
- Menor tempo de recuperação no hospital;
- Evitar risco de lesão dos nervos cranianos e cutâneos;
- Única opção de tratamento para pacientes com lesões cirurgicamente inacessíveis;
- Única opção de tratamento de pessoas com alto risco para cirurgia devido a comorbidades.
Como visto, o risco cirúrgico elevado para a realização da endartectomia é uma das razões que podem levar à decisão de tratar um paciente com o método endovascular. Vale destacar, entre esses riscos, os seguintes aspectos:
- Fatores anatômicos (inacessibilidade cirúrgica da estenose)
- Obesidade;
- Alta bifurcação carotídea;
- Artrite grave da coluna cervical.
- Fatores clínicos
- Doença cardíaca clinicamente significativa, como insuficiência cardíaca congestiva, teste de estresse anormal ou necessidade de cirurgia de coração aberto;
- Doença pulmonar severa;
- Oclusão carotídea contralateral;
- Paralisia do nervo laríngeo contralateral;
- Cirurgia radical anterior no pescoço;
- Radiação anterior no pescoço;
- Estenose recorrente após endarterectomia carotídea.
Cuidados após a angioplastia
Todos os métodos intervencionistas de revascularização são procedimentos delicados, que podem ter consequências para o paciente. Para minimizar eventuais riscos, é realizado cuidado intensivo pós-operatório no próprio hospital. Adicionalmente, o paciente e sua família devem se manter atentos a sintomas especialmente nos primeiros 30 dias subsequentes à intervenção.
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