Atividade física e doenças neurovasculares combinam? Entenda!
Postado em: 30/06/2021
Praticamente todo mundo sabe que ser ativo e realizar exercícios físicos regularmente é uma atitude saudável. Mas será que esse hábito também traz benefícios quando o assunto é a saúde dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro? Como você já deve desconfiar, a resposta é sim. Tanto na prevenção de doenças quanto na recuperação, os exercícios fazem diferença para melhor.
Neste artigo, você vai entender a relação entre atividade física e doenças neurovasculares, como estimular o corpo a reduz o risco de sofrer AVC, além de conhecer o que se sabe sobre o papel dos exercícios físicos em garantir uma vida com mais autonomia e qualidade para quem está se recuperando da doença.
Efeito dos exercícios físicos sobre o organismo
Os exercícios físicos têm papel fundamental na manutenção da saúde. Eles melhoram a capacidade cardiorrespiratória e a saúde cardíaca e vascular de forma geral e contribuem para redução do índice de massa corporal (IMC). Também ajudam a manter a sensação de bem-estar, pois melhoram a saúde cognitiva, reduzem a ansiedade e têm ação anti-inflamatória no organismo, provocando um efeito analgésico e antidepressivo e contribuindo para o controle de doenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doença cardiovascular.
Como o exercício previne AVC
Conheça a seguir os benefícios dos exercícios físicos no sistema vascular do corpo humano e entenda a relação de atividade física com as doenças neurovasculares.
- Quando a pressão arterial está elevada, o coração faz mais força para bombear o sangue, e isso pode provocar o aumento da espessura do músculo cardíaco. O nome dessa condição é hipertrofia ventricular esquerda. Estudos mostram que os exercícios físicos reduzem essa hipertrofia.
- A prática também reduz o LDL (conhecido como colesterol ruim), que tende a se acumular nas paredes das artérias, e estimula a elevação do HDL (conhecido como colesterol bom), que remove o excesso de colesterol do sangue e o leva ao fígado, para ser eliminado pelo organismo. Assim, evita a formação de placas ateromatosas, que poderiam provocar um AVC.
- Os exercícios também reduzem a atividade das plaquetas (células do sangue responsáveis pela coagulação) e estimulam o ativador do plasminogênio tecidual —uma substância que reduz a coagulação sanguínea. Assim, movimentar-se diminui o risco de formação de trombos.
- O condicionamento aeróbico também melhora a regulação da glicose, triglicerídeos, gordura corporal total e inflamação sistêmica — todos eles são fatores que contribuem para o AVC.
Hipertensão
A hipertensão é o fator de risco modificável mais importante para AVC isquêmico e hemorrágico, estando presente em cerca de 65% das ocorrências. Ou seja, o controle da pressão arterial pode efetivamente prevenir acidentes vasculares cerebrais.
Há diversos recursos que podem ser utilizados no controle da pressão. Porém, é consenso na comunidade médica o papel de um estilo de vida ativo para todos que esperam ter uma pressão arterial normal, mesmo entre pessoas que utilizam medicamentos contra a hipertensão.
Qual exercício fazer?
Estima-se que a atividade física seja capaz de reduzir de 20% a 30% o risco de AVC. Entretanto, não está completamente esclarecido quais são os níveis exatos de exercícios necessários. É possível que atividades físicas intensas e moderadas sejam mais efetivas na prevenção. Mas há indícios de que mesmo a atividade física leve, se praticada regularmente e associada a outras medidas, seja vantajosa.
O Northern Manhattan Stroke Study mostrou que homens que se envolvem em atividades físicas de intensidade moderada a alta, como corrida, natação ou tênis, têm menor risco de acidente vascular cerebral isquêmico.
Já o Women’s Health Study mostrou que o risco de AVC em mulheres é significativamente menor quando elas combinam a atividade física a outras atitudes saudáveis, como abandono do cigarro, redução do peso corporal, dieta saudável e consumo moderado de álcool.
Um ponto importante é entender que o efeito protetor dos exercícios para de existir quando a atividade física é abandonada. Assim, é necessário que ela se torne presença constante na rotina das pessoas para ser efetivo na prevenção de acidentes vasculares cerebrais.
Exercícios após AVC
Apesar de ser cada vez maior o índice de sobrevivência ao AVC devido a avanços farmacológicos e no atendimento ao paciente agudo, apenas um terço das pessoas se recuperam completamente após um evento cerebrovascular.
O índice de sequelas ainda é elevado e a recuperação depende de fatores como a extensão da lesão e a área afetada. Assim, muitas pessoas passam a viver com a aptidão física reduzida (mobilidade, equilíbrio, força muscular). O Copenhagen Stroke Study relatou que 22% dos sobreviventes do AVC são incapazes de andar no fim dos programas de reabilitação.
É fácil, então, entender que existe uma propensão menor a praticar exercícios regularmente após o AVC. Esse estilo de vida sedentário, porém, cria condições para a reincidência da doença. Aproximadamente 30% dos acidentes vasculares cerebrais ocorrem em pessoas que já sofreram pelo menos um AVC anteriormente.
Dessa forma, sempre respeitando as particularidades de cada pessoa, a fase de recuperação após o AVC é primordial para buscar a melhor aptidão física possível, favorecendo a autonomia e a mobilidade necessárias para uma vida mais ativa, e para realizar o estímulo cardíaco capaz de melhorar o quadro vascular do paciente.
Por isso, as recomendações da American Heart Association (AHA) para a atividade física em sobreviventes de AVC encorajam o combate à inatividade física para diminuir a frequência de eventos cerebrovasculares recorrentes. Segundo a AHA, os sobreviventes de AVC devem realizar:
- Treinamento de força para aumentar a independência nas atividades da vida diária;
- Treinamento de flexibilidade para aumentar a amplitude de movimento e prevenir deformidades;
- Treinamento para melhorar o equilíbrio e a coordenação;
- Exercício aeróbio de intensidade moderada a fim de aumentar a capacidade de atividade física, melhorar a caminhada e a independência e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
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