Malformações arteriovenosas cerebrais
Postado em: 18/09/2023
A malformação arteriovenosa cerebral (MAVC) é caracterizada por um emaranhado de vasos anormais alimentados por artérias e drenados por veias, sem capilares intermediários, criando um atalho de alto fluxo e baixa resistência entre o sistema arterial e venoso.
Na maioria dos casos, MAVCs não apresentam sintomas iniciais. No entanto, no cérebro, essas malformações, embora raras, são uma causa significativa de hemorragia intracerebral em adultos jovens. Para as malformações arteriovenosas cerebrais que ainda não sangraram, a taxa de sangramento é de cerca de 1% ao ano. Quando ocorre sangramento, o risco subsequente aumenta cinco vezes, dependendo de fatores como a presença de aneurismas, localização no cérebro, drenagem venosa profunda e idade do paciente.
Descobertas recentes do estudo sobre Malformações arteriovenosas cerebrais, publicado na revista médica Nature Reviews Disease Primers, revelam que as malformações arteriovenosas cerebrais, anteriormente consideradas presentes desde o nascimento, podem, na verdade serem adquiridas e se desenvolver-se ao longo de nossa vida devido a problemas na formação de vasos sanguíneos, mutações genéticas ou crescimento anormal de vasos após lesões. Além disso, as características visíveis dessas malformações podem variar em diferentes faixas etárias, como por exemplo, nas crianças as MAVCs frequentemente caracterizadas pela presença de fístula arteriovenosa (FAV), diferentemente dos adultos onde as MAVCs geralmente possuem “nidus”.
Diagnóstico de malformações arteriovenosas cerebrais
O diagnóstico de malformações arteriovenosas cerebrais é feito geralmente por meio de exames de imagem que mostram áreas de fluxo sanguíneo. Os métodos mais eficazes são a ressonância magnética de crânio e a angiografia cerebral digital, esta última sendo especialmente útil para mapear o nidus e avaliar risco de hemorragias. Em alguns casos, o médico pode solicitar também uma tomografia computadorizada para identificar complicações associadas à MAVC.
A importância da angiografia
A angiografia cerebral é um procedimento essencial para avaliar as malformações arteriovenosas cerebrais. Ela permite identificar o número e o tipo de artérias que alimentam as MAVCs, bem como aneurismas relacionados ao fluxo sanguíneo. Além disso, revela como quantas veias participam da drenagem da lesão, se a drenagem é feita por veias superficiais, profunda ou mista e se há dilatações aneurismáticas ou estreitamentos associados nestas veias.
Existem dois tipos principais de vascularização arterial para MAVC: as diretas, que vão vascularizam diretamente a malformação, e as indiretas ou de “passagem”, que fornecem sangue à MAVC por meio de ramos menores que se originam da artéria principal; esta artéria principal continua seu leito normal distalmente a MAVC e também vasculariza tecido cerebral normal.
A angiografia é fundamental para monitorar a situação em intervalos regulares, como a cada 5 anos, em pacientes com malformações arteriovenosas crebrais não tratadas, a fim de detectar sinais indiretos que aumenta a possibilidade da MAVC vir a sangrar, com o surgimento de aneurisma intranidal ou ao longo das artérias nutridoras, bem como, alteração da drenagem venosa da malformação.
Após o tratamento de uma MAVC, é essencial fazer exames de acompanhamento para confirmar a sua eliminação completa. Isso é particularmente crucial após procedimentos como embolização, microcirurgia e radiocirurgia. Embora a ressonância magnética seja a primeira escolha, a angiografia é necessária para garantir a eliminação total da malformação.
Tratamento
Microcirurgia: o neurocirurgião acessa o cérebro por meio de uma craniotomia para remover temporariamente uma pequena porção do crânio. Usando um microscópio cirúrgico especializado, o cirurgião interrompe o fluxo sanguíneo para a malformação arteriovenosa e a remove. Cada MAVC tem seu conjunto exclusivo de artérias e veias, determinando a estratégia cirúrgica. O fechamento completo dessas artérias e veias é fundamental para o sucesso do tratamento.
Embolização: é um procedimento minimamente invasivo, realizado pelo neurorradiologista intervencionista, que utiliza microcateteres e microguias para chegar até o nidus da lesão e em seguida injeta pelo microcateter um agente líquido embolizante não adesivo ou adesivo, que penetra nos vasos malformados da lesão bloqueando a sua vascularização. Em crianças e adultos jovens, esse tratamento frequentemente complementa a microcirurgia, pois essas faixas etárias têm maior probabilidade de sangramento e a embolização prévia à cirurgia visa eliminar fontes de sangramento e bloquear artérias profundas que podem ser inacessíveis durante a cirurgia.
Radiocirurgia: a radiocirurgia estereotáxica é um procedimento de entrega precisa e guiada por imagem de radiação a um alvo definido. O objetivo é fechar o vaso sanguíneo envolvido e eliminar a malformação arteriovenosa. Essa técnica tem se tornado uma opção atraente para pacientes com MAVs pequenas, pois pode produzir excelentes resultados com riscos limitados.
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