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Aneurismas cerebrais não rotos: dados contemporâneos e gerenciamento

Postado em: 25/09/2023

Estima-se que 2% da população mundial tenha algum tipo de aneurisma, que é uma dilatação anormal de uma artéria do corpo que forma uma espécie de balão de sangue, que pode crescer de tamanho e se tornar cada vez mais frágil até se romper. Quando ocorre no cérebro, isso pode causar um Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.

O aneurisma geralmente afeta indivíduos a partir dos 40 anos e costuma ser assintomático, ou seja, não apresenta sintomas. Pode permanecer no cérebro de uma pessoa por anos sem que ela saiba. A maioria dos aneurismas não se rompe e é identificada por acaso em check-ups médicos. 

Para pacientes com aneurisma cerebral, existem duas opções: reparar o aneurisma para evitar a ruptura ou realizar acompanhamento com exames regulares. A cirurgia para correção do aneurisma é eficaz, mas também pode causar problemas no cérebro.

Decidir o que fazer pode ser complicado, pois há muitos fatores a serem considerados, como a saúde do paciente e as características do aneurisma cerebral. Além disso, nem sempre temos dados claros para tomar essa decisão, o que torna a escolha desafiadora.

No artigo de revisão Aneurismas cerebrais não rotos: dados contemporâneos e gerenciamento, publicado no Journal of Stroke, são analisadas as informações mais recentes sobre os riscos de ruptura do aneurisma e as complicações do tratamento. Além disso, são destacadas opções de tratamento inovadoras e as incertezas que ainda persistem. Este estudo é um guia valioso para que pacientes e médicos possam tomar decisões informadas sobre aneurismas cerebrais não rompidos.

Aneurismas cerebrais

Risco de ruptura de aneurismas cerebrais não rotos

Uma análise conjunta de dados provenientes de seis estudos prospectivos de coorte sobre aneurismas não rotos, que envolveram mais de 8.000 pacientes e 10.000 aneurismas em regiões como Europa, América do Norte e Japão, revelou informações importantes. O risco médio de ruptura em um ano é de 1,4%, aumentando para 3,4% em 5 anos. 

Nesse contexto, foram identificados seis fatores independentes que podem prever a ruptura de um aneurisma: população estudada, a presença de hipertensão arterial, a idade do paciente, o tamanho do aneurisma, histórico de hemorragia subaracnóidea (HSA) proveniente de outro aneurisma e a localização da dilatação (PHASES).

Embora o estudo PHASES seja a maior fonte de dados sobre o risco de ruptura de aneurisma, é importante notar que outros fatores de risco importantes podem não estar incluídos devido à falta de dados ou diferentes definições nas pesquisas. Além disso, a seleção de pacientes com base em idade, tratamento preventivo de aneurisma ou localização geográfica desafia nossa compreensão completa do que acontece naturalmente com aneurismas não rompidos.

Gerenciamento de aneurismas cerebrais não rotos

A maioria dos aneurismas intracranianos não rompidos com diâmetro inferior a 5 mm geralmente não é tratada, pois o risco de intervenção preventiva muitas vezes não compensa o risco relativamente baixo de ruptura (risco médio de ruptura em 5 anos, <2%). No entanto, o simples acompanhamento por imagens nesses pacientes os expõe a um pequeno, mas real, risco de ruptura, caso os fatores de risco modificáveis não sejam tratados. A hipertensão, a inflamação da parede do aneurisma e o tabagismo são fatores de risco modificáveis importantes, e a interrupção ou redução desses fatores de risco pode resultar em uma redução do risco de ruptura ou crescimento do aneurisma.

As diretrizes atuais da American Heart Association para pacientes com aneurismas intracranianos não rotos recomendam que a pressão arterial sistólica seja mantida abaixo de 140 mm Hg. Entretanto, há incerteza se esse limite é suficiente, pois estudos recentes em pacientes com doenças cardiovasculares sugerem que a redução mais intensa da pressão arterial (menos de 120 mm Hg) está associada a uma menor ocorrência de eventos cardiovasculares graves, como  infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral. Portanto, mais pesquisas são necessárias para determinar uma abordagem mais segura.

Além disso, embora seja desafiador realizar testes controlados e randomizados sobre a eficácia da cessação do tabagismo, é altamente recomendado que pacientes com aneurismas cerebrais não rompidos parem de fumar ou, se não for possível, reduzam significativamente o número de cigarros fumados por dia. A mesma recomendação se aplica ao consumo excessivo de álcool.

Para obter orientações personalizadas e esclarecer suas dúvidas sobre aneurismas cerebrais não rompidos, agende uma consulta com o Dr. Renato Tosello, especialista em Neurorradiologia Intervencionista com mais de 10 anos de experiência na área!

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