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Anticoncepcional e trombose venosa cerebral: qual é a relação?

Postado em: 07/04/2021

A relação entre o uso de pílulas anticoncepcionais e o aumento do risco de trombose é conhecida pela medicida há, pelo menos, meio século. Esse risco é verdadeiro também para as tromboses venosas que ocorrem no cérebro.

Se você utiliza esse tipo de medicamento sob supervisão médica, calma. Ele é seguro para muitas pessoas e tem um nível de eficácia importante na prevenção de gravidez.

Mas se você é hipertensa, fumante, obesa ou tem casos de trombose e acidente vascular cerebral (AVC) na família, é primordial conversar com um médico especialista. Esses e outros fatores, somados ao uso da contraceptivos hormonais orais, podem resultar em risco elevado de trombose venosa cerebral.

A trombose venosa cerebral é um acidente vascular grave que pode ser fatal.

Uso de anticoncepcionais orais

As pílulas anticoncepcionais orais são populares em todo o mundo. Na América Latina, levantamentos da ONU apontam que, quando o objetivo é prevenir gravidez, esse é o método preferido por cerca de 20%, da população feminina sexualmente ativa. No Brasil, esse índice chega até a 35%.

No entanto, as pílulas são seguras para todas as mulheres.

Esses medicamentos são potencialmente inadequados quando há presença de fatores de risco naturais, comorbidades ou comportamentos que geram predisposição para acidentes vasculares.

 

Anticoncepcional e trombose venosa cerebral

Para entender a relação entre o uso de hormônios anticoncepcionais orais e trombose venosa cerebral, um estudo realizado na República Tcheca analisou mulheres que tiveram eventos trombóticos (tromboembolismo e acidentes vasculares cerebrais) associados a essas substâncias.

A pesquisa destaca que eventos trombóticos são multifatoriais. Portanto, o uso da pílula representa um fator de risco principalmente quando somado a outros aspectos. Confira algumas conclusões:

  • O risco de trombose venosa é aumentado em mulheres com trombofilia hereditária. Ou seja, pessoas que já nascem com maior predisposição à formação de coágulos sanguíneos.
  • Aquelas com fatores de risco adquiridos adicionais (especialmente tabagismo) podem estar predispostas à trombose arterial.
  • No entanto, o risco absoluto de trombose em mulheres saudáveis é baixo, muito menor que o risco de gravidez indesejada.
  • O risco pode ser significativamente reduzido mantendo algumas regras antes da prescrição das pílulas, estilo de vida saudável e uma escolha adequada de contracepção.

Diferenças entre as pílulas contraceptivas

Existem diferentes tipos de pílulas anticoncepcionais. Elas podem ser compostas por um hormônio isolado (apenas estrogênio ou apenas progesterona) ou pela combinação de hormônios em diferentes proporções.

Neste último caso, elas são chamadas de contraceptivos orais combinados (COC) e são muito adotadas. Isso porque, além de prevenir a gravidez indesejada, ajudam a amenizar sintomas desagradáveis experienciados por algumas mulheres. São exemplos: sangramento menstrual intenso, irregularidade do ciclo menstrual, síndrome pré-menstrual, sintomas vasomotores da perimenopausa e acne.

O problema é que os COC aumentam em até seis vezes o risco de eventos trombóticos, especialmente tromboembolismo venoso.

Fatores de risco somados aos contraceptivos orais

O estudo tcheco citado acima mostrou que o uso de COC pode aumentar em até 3 vezes o risco de eventos trombóticos arteriais, como o AVC.

Na presença de fatores de risco adicionais, como hipertensão arterial, essa chance sobe oito vezes. Quando a paciente fuma, o risco é multiplicado por quatro. E, quando os níveis de colesterol estão altos, a chance de um AVC sobe 11 vezes.

Especificamente em relação às pacientes com trombose venosa cerebral que utilizaram anticoncepcionais orais, o estudo demonstrou os seguintes resultados:

  • 29% possuíam trombofilia;
  • 25% eram fumantes;
  • Com menor frequência, também estavam presentes os fatores de risco abaixo:
    • Colite ulcerosa;
    • Uso de corticosteroide;
    • Cirurgia;
    • Diabetes;
    • Dislipidemia.

Algumas vezes a trombose venosa cerebral também é classificada como um tromboembolismo venoso em local incomum. Assim, a pesquisa também abrangeu mulheres que tiveram esse diagnóstico e mostrou que 25% delas eram fumantes.

Presença de trombofilia herdada ou hereditária

Trombofilia é a predisposição à coagulação sanguínea. Ela pode ser hereditária ou pode ser uma doença adquirida ao longo da vida. Pessoas que apresentam esse quadro devem ter ressalva especial com o uso de anticoncepcionais.

Tabagismo

Apesar do hábito de fumar ser cada vez menos frequente em solo nacional, segundo o Ministério da Saúde ele ainda é parte da vida de 7,7% das mulheres adultas brasileiras. A Organização Mundial de Saúde considera que o tabagismo é a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo.

O tabagismo está relacionado a alterações nas paredes dos vasos sanguíneos e à redução da concentração de oxigênio no sangue, aumentando as chances de haver trombose.

Obesidade

O Vigitel, levantamento que verifica os principais parâmetros de saúde nas capitais brasileiras, aponta que 53% das mulheres estão acima do peso no país. Além disso, 20,3% são consideradas obesas.

A obesidade está associada a um risco aumentado de trombose, com risco relativo cinco vezes maior em pessoas com índice de massa corporal (IMC) superior a 25; e risco 10 vezes maior para quem tem IMC maior que 30.

Hipertensão e diabetes

Vale destacar que outros dois agravantes para o risco de trombose venosa cerebral são os diagnósticos de hipertensão e diabetes. De acordo com o Vigitel, 27,3% das brasileiras são hipertensas e 7,8%, diabéticas.

Como minimizar o risco de trombose associada a anticoncepcionais

Durante a consulta com o ginecologista, antes de prescrever o melhor método contraceptivo para você, ele deve conversar com você para entender sua história pessoal e familiar. Assim, poderá avaliar fatores de risco adicionais, oferecer informações sobre os sintomas de eventos trombóticos e decidir, junto com você, a melhor opção.

Além de tirar as dúvidas sobre esse assunto com seu médico até se sentir confiante, há atitudes que toda mulher pode tomar para prevenir o risco de trombose venosa cerebral.

Confira:

  • Procurar saber se há história familiar de trombose;
  • Caso tenha histórico, procurar um especialista no tema para investigar com profundidade e sempre comunicar essa informação aos médicos;
  • Não fumar;
  • Evitar a obesidade, preferencialmente utilizando como referência a faixa de normalidade do IMC;
  • Manter hábitos de vida saudáveis;
  • Buscar imediatamente um médico especialista caso note a presença dos primeiros sintomas potenciais de trombose.

Saiba mais: Quando procurar um neurorradiologista intervencionista


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