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Doença ateromatosa aumenta o risco de AVC isquêmico?

Postado em: 12/05/2021

Você já ouviu falar da doença ateromatosa? Ela também é conhecida como aterosclerose e ocorre quando há estreitamento e enrijecimento das artérias que levam sangue para o cérebro devido ao depósito de gordura (colesterol) e de cálcio.

O surgimento dessas placas nas paredes dos vasos sanguíneos é relativamente comum na fase de envelhecimento. No entanto, quando se dá de maneira excessiva, pode bloquear completamente a circulação de sangue em determinados pontos. Também pode acontecer de uma parte de uma placa se soltar e ser transportada por meio da corrente sanguínea até uma artéria mais estreita, causando bloqueio da vascularização de uma determinada região cerebral e provocando um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI).

Doença ateromatosa e risco de AVCI

Portanto, existe relação direta entre a presença da doença ateromatosa e o risco de AVCI. A doença ateromatosa de grandes vasos extracranianos e intracranianos é responsável por cerca de 20% dos casos de AVC isquêmico (AVCI).

A doença ateromatosa intracraniana geralmente é mais comum em afro-americanos, asiáticos e hispânicos. Pode ocorrer nas artérias carótidas internas supraclinoideas, cerebrais (anterior, média e posterior), vertebrais intradurais, cerebelares (superior, anteroinferior e posteroinferior) e basilar. A artéria cerebral média é o local mais acometido.

Já a doença ateromatosa extracraniana é mais frequente e afeta especialmente a população caucasiana de origem ocidental, podendo acometer as artérias carótidas comuns, internas extracranianas (segmentos: cervical, pertroso e cavernoso), subclávias e vertebrais extracranianas. O local mais atingido é a origem ou o bulbo da artéria carótida interna.

Entenda como a doença é diagnosticada e o que pode ser feito para preveni-la e tratá-la.

Prevenção

Atentar-se a fatores de risco para evitar doenças vasculares deve ser um hábito de todas as pessoas, especialmente a partir dos 50 anos, quando aumenta a incidência desses problemas.

Nas últimas décadas, tem havido grande progresso na medicina em relação à compreensão sobre a doença e às potencialidades de cada tratamento, como o uso de medicamentos e a realização de procedimentos.

Em todos esses anos, a redução da pressão arterial e o controle da dislipidemia (colesterol elevado do sangue) provaram ser essenciais para a redução do risco de AVC. Da mesma forma os demais fatores de risco para doenças vasculares como um todo também precisam ser controlados:

  • Diabetes;
  • Tabagismo;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo.

No geral, portadores de diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e síndrome metabólica (obesidade, hipertrigliceridemia e hipertensão arterial sistêmica) têm maior predisposição a desenvolver a aterosclerose intracraniana.

Já as pessoas que apresentam dislipidemia estão mais propensas a desenvolver a aterosclerose extracraniana.

Diagnóstico

Além da adoção de hábitos saudáveis, realizar visitas regulares ao médico e fazer check-ups é fundamental para evitar complicações maiores. Isso porque é com a ajuda de exames de rotina que pode surgir o alerta para o risco de doenças vasculares.

Muitas vezes, a doença ateromatosa é silenciosa e não dá sinais físicos até que esteja avançada.

A detecção de ateromas (placas de gordura e cálcio) é feita por meio de exames de imagem. Pode ser necessário mais de um tipo de exame para que o médico tenha clareza sobre o quadro do paciente e possa recomendar um tratamento de forma assertiva.

Entre os métodos diagnósticos que podem ser utilizados estão:

  • Tomografia computadorizada;
  • Angiografia por ressonância magnética;
  • Angiografia por tomografia computadorizada;
  • Angiografia cerebral;
  • Ressonância magnética de alta resolução;
  • Ultrassom-Doppler de carótidas e vertebrais
  • Ultrassom-Doppler transcraniano.

Tratamento

O tratamento para a doença ateromatosa intra ou extracraniana pode ser realizado de diferentes formas e irá depender do local acometido, do grau da estenose (estreitamento do vaso sanguíneo) e se a doença é sintomática ou não.

Na maioria dos casos, a American Stroke Association, nas diretrizes de prevenção de AVCI, recomenda o tratamento medicamentoso multimodal com:

  • Estatinas: medicamentos para redução do colesterol;
  • Terapia antiplaquetária: medicamentos que inibem a agregação plaquetária para diminuir o risco de formação de coágulo;
  • Terapia anticoagulante: medicamentos que inibem uma sequência de eventos chamada de “cascata de coagulação”, para que não ocorra a formação de coágulo;
  • Medicamentos anti-hipertensivos: para controlar a pressão arterial;
  • Modificação do estilo de vida: alimentação saudável, prática regular de exercícios e abandono do fumo.

Com relação à ateromatose intracraniana, o primeiro método de escolha é o tratamento medicamentoso multimodal, mesmo nas estenoses em que há 70% ou mais de obstrução e que são sintomáticas.

O tratamento endovascular é indicado quando o paciente tem sintomas de AVCI mesmo com terapia medicamentosa otimizada e depende do local da estenose.

Quando a estenose é extracraniana com nível de obstrução igual ou superior a 60% em pacientes assintomáticos, mesmo sob o uso de terapia medicamentosa, há indicação de realizar tratamento endovascular ou cirúrgico. Já para estenoses inferiores a 60%, o tratamento endovascular ou cirúrgico é indicado para pacientes sintomáticos e refratários ao tratamento medicamentoso.

No caso específico das estenoses por placa de ateroma da bifurcação carotídea que acometem a artéria carótida comum terminal ou origem/bulbo da artéria carótida interna, existem dois tipos de intervenção cirúrgica possíveis: endovascular e endarterectomia. Confira a seguir.

Tratamento endovascular

Essa opção de intervenção é chamada de angioplastia e pode estar associada ou não à colocação de stent. O procedimento é realizado introduzindo-se um cateter em uma artéria da perna (femoral) ou do braço (radial ou braquial). Esse cateter é levado cuidadosamente até próximo ao local da estenose provocada pela placa de ateroma.

Por meio dele, é colocado um microguia, que avança pelo local da estenose e é posicionado distalmente (a certa distância da obstrução). Pelo microguia, pode ser introduzido um cateter balão. Ele fica abaixo da estenose e é insuflado para que a artéria se abra novamente.

É possível fazer somente a dilatação da artéria com balão ou pode-se associar esse procedimento à colocação de um stent – estrutura metálica que se abre dentro da artéria e permanece ali, fazendo com que ela continue aberta por completo. A angioplastia pode ser feita antes ou após a colocação do stent. Essa decisão depende da localização da estenose.

Cirurgia convencional

Existe também a possibilidade de realizar uma operação chamada de endarterectomia. Nesse caso, o cirurgião realiza uma incisão (corte) no pescoço e na artéria acometida pela placa de ateroma. Essa placa de ateroma é retirada e, por fim, é feita uma sutura na artéria e outra no pescoço.

O tipo de intervenção cirúrgica a ser empregado tem forte relação com a experiência do serviço, local da estenose na bifurcação carotídea, anatomia vascular e idade do paciente.

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