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Embolização cerebral: Entenda 10 fatos sobre esse procedimento

Postado em: 05/06/2024

Embolização cerebral: Entenda 10 fatos sobre esse procedimento

A embolização cerebral é um procedimento inovador que utilizo frequentemente para tratar aneurismas cerebrais. Essa técnica menos invasiva tem transformado a forma como lidamos com aneurismas, proporcionando um tratamento eficaz sem a necessidade de abrir o crânio do paciente. 

Para entender melhor como a embolização funciona, é importante primeiro compreender o que é um aneurisma cerebral.

O que é um aneurisma cerebral?

Um aneurisma cerebral ocorre quando há uma dilatação ou “bolha” em um vaso sanguíneo do cérebro, geralmente em uma artéria. Isso acontece em áreas onde a parede do vaso é mais frágil. 

Essas dilatações podem crescer ao longo do tempo, especialmente com o aumento da pressão arterial, e quando se rompem, podem causar hemorragia intracraniana, levando a complicações graves e até fatais.

Os aneurismas cerebrais são mais comuns em adultos, especialmente em pessoas acima dos 35 anos, e a incidência aumenta entre os 50 e 70 anos. 

As mulheres são mais afetadas que os homens, algo que pode estar relacionado a fatores hormonais. Já em crianças e jovens, os aneurismas são extremamente raros.

Para explicar de forma simples, imagine um rio fluindo. Em um ponto onde há erosão na margem, parte da água é desviada para essa área, mas logo volta ao curso principal do rio. 

De maneira semelhante, no aneurisma, o sangue desvia do fluxo principal da artéria para dentro da “bolha”, retornando ao fluxo normal logo em seguida.

Na maioria dos casos, os aneurismas são assintomáticos e não causam problemas diretos. Porém, quando se rompem, ocorrem hemorragias graves, sendo a hemorragia subaracnoidea a mais comum. 

Essa situação pode desencadear uma dor de cabeça súbita, intensa e muitas vezes descrita como a pior dor já sentida pelo paciente.

Além da dor extrema, a ruptura de um aneurisma pode levar a sintomas neurológicos graves, como paralisia, alterações visuais, coma e até a morte. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, se o aneurisma não for tratado imediatamente após a ruptura, há um alto risco de uma segunda ruptura, que pode ser fatal em até 80% dos casos. Os aneurismas cerebrais são a principal causa de derrames hemorrágicos não traumáticos.

Como tratar o aneurisma cerebral?

O principal objetivo no tratamento do aneurisma cerebral é impedir a entrada de sangue no interior do aneurisma, evitando sua ruptura. Se pensarmos no aneurisma como uma erosão no leito de um rio, a solução seria preencher essa área erodida para restaurar o curso normal do fluxo. 

No caso do aneurisma, criamos uma barreira dentro da artéria para impedir que o sangue entre na “bolha” do aneurisma.

No entanto, essa “reforma” ocorre em um local extremamente delicado: dentro de uma artéria que está localizada no cérebro e protegida pelo crânio. 

O desafio é corrigir essa anormalidade sem realizar uma cirurgia invasiva que requereria a abertura do crânio. É aqui que entra a embolização cerebral.

O que é a embolização cerebral?

A embolização cerebral é uma técnica minimamente invasiva que permite o tratamento do aneurisma sem a necessidade de cirurgia aberta. 

Ao invés de abrir o crânio, utilizo um cateter, que é inserido através da artéria femoral (na virilha) ou, em alguns casos, pelas artérias do braço. Esse cateter é então guiado cuidadosamente até o aneurisma.

Uma vez que o cateter atinge o aneurisma, utilizamos diferentes dispositivos para corrigir o fluxo sanguíneo. 

A embolização pode ser realizada com o uso de espirais metálicas, balões, stents e outras técnicas endovasculares. 

Cada uma dessas ferramentas tem uma função específica, e a escolha da técnica depende das características do aneurisma e da condição do paciente.

A embolização se destaca por ser menos invasiva que a cirurgia tradicional e por oferecer uma recuperação mais rápida. 

Estudos mostram que a taxa de complicações da embolização é significativamente menor quando comparada à cirurgia de clipagem de aneurisma. Além disso, o tempo de recuperação pós-embolização é, em média, de 4,5 dias, enquanto a clipagem requer cerca de 7,4 dias de recuperação hospitalar.

Tipos de embolização cerebral

Existem várias técnicas de embolização cerebral, e frequentemente combinamos diferentes métodos para alcançar o melhor resultado possível. Abaixo, explico algumas das técnicas mais utilizadas:

Técnica simples (somente espirais metálicas)

A técnica simples utiliza uma espiral metálica, conhecida como “mola”, que é inserida no aneurisma através de um microcateter. 

A mola preenche o aneurisma até que ele seja completamente ocluído, bloqueando o fluxo sanguíneo para a “bolha”. Dependendo do tamanho do aneurisma, podem ser necessárias várias espirais para garantir a oclusão total.

Espirais metálicas assistidas por balão

Nessa técnica, um ou mais balões são posicionados dentro da artéria, perto do aneurisma. Enquanto as espirais metálicas são inseridas, o balão é inflado, agindo como uma barreira temporária para garantir que as espirais permaneçam dentro do aneurisma. Após a conclusão do procedimento, o balão é removido.

Espirais metálicas assistidas por stent convencional

O stent é uma estrutura metálica em forma de tubo que é colocada dentro da artéria onde o aneurisma está localizado. Ele ajuda a manter as espirais metálicas dentro do aneurisma, evitando que elas saiam e obstruam o fluxo sanguíneo normal. 

Diferente do balão, o stent permanece na artéria após o procedimento, fornecendo suporte contínuo.

Stent diversor de fluxo

Esse tipo de stent tem a função de redirecionar o fluxo sanguíneo dentro da artéria, retardando o fluxo que entra no aneurisma. Isso facilita a formação de coágulos no interior do aneurisma, levando à sua trombose e eventual oclusão completa. 

Esse stent pode ser utilizado sozinho ou em combinação com espirais metálicas. Existe também uma variante chamada WEB (Woven Endobridge), que é um stent em formato de malha que se adapta à forma do aneurisma.

A embolização é o tratamento certo para mim?

A embolização cerebral é uma opção de tratamento extremamente eficaz e menos invasiva para aneurismas cerebrais, mas a decisão de optar por esse tratamento deve ser discutida em detalhes com um neurorradiologista intervencionista experiente. 

Cada caso é único, e o tratamento ideal depende de vários fatores, como o tipo, tamanho e localização do aneurisma, além das condições gerais de saúde do paciente.

Além disso, é fundamental que tanto o paciente quanto sua família conversem com a equipe médica para entender todos os riscos e benefícios do procedimento. 

Embora a embolização seja um procedimento seguro, é importante estar ciente de possíveis complicações e cuidados pós-operatórios.

Considerações finais

O tratamento endovascular de aneurismas cerebrais por meio da embolização oferece uma abordagem menos traumática, com altas taxas de sucesso e rápida recuperação. 

Antes de qualquer decisão, consulte um profissional certificado pela Sociedade Brasileira de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SBNR)

Aqui na Clínica Tosello, estamos prontos para ajudar você a entender as melhores opções para seu caso e fornecer o suporte necessário para garantir um tratamento seguro e eficaz.

Dr. Renato Tosello
Neurorradiologista intervencionista, especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem
CRM 133.066

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