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Fortes dores de cabeça nem sempre são enxaqueca. Saiba tudo sobre a hipertensão intracraniana idiopática

Postado em: 07/02/2022

Quando pensamos em fortes dores de cabeça, costumamos a rapidamente associá-las à enxaqueca. Mas, você sabia que sintomas semelhantes podem ser de outra doença? Os mesmos sintomas podem ser da hipertensão intracraniana idiopática. Essa doença também pode se manifestar por distúrbios na visão, mas de uma maneira diferente. Leia este texto até o final para entender a diferença entre as duas enfermidades.

Primeiro, é importante entender o que é a hipertensão intracraniana idiopática. Ela ocorre quando há um aumento na pressão do líquido que banha o cérebro. Esse líquido é conhecido por três nomes: líquido cefalorraquidiano (LCR), líquido cerebroespinal ou líquor. A doença também tem outras denominações, como hipertensão intracraniana benigna ou pseudotumor cerebral.

Por alguma razão não determinada o líquor começa a ser fabricado com maior intensidade, acontece uma redução na absorção deste líquor, e consequentemente um aumento da pressão venosa intracraniana. Isso aumenta demasiadamente a pressão que ele exerce sobre o cérebro, que fica cada vez mais comprimido levando a uma séries de sintomas.

A doença não é comum – ela ocorre em cerca de 1 pessoa a cada 100 mil – e não tem uma causa definida. Entretanto, ela é mais comum em mulheres em seus anos reprodutivos e aumenta em 20 vezes sua incidência entre jovens mulheres que ganharam peso rapidamente e estão com sobrepeso.

Sintomas

Essa pressão que o líquido causa no cérebro é responsável por causar uma série de sintomas. Todos eles não precisam ser sentidos para que a doença seja diagnosticada. Veja quais são:

Dores de cabeças diárias ou quase diárias. O que pode ser observado para diferenciar de uma dor de enxaqueca é que no caso da hipertensão intracraniana idiopática a dor melhora quando a pessoa está em pé ou sentada e piora quando está deitada. Isso porque na posição vertical, a gravidade contribui para que líquido seja melhor distribuído melhorando a drenagem venosa cerebral e conquentemente a absorção do líquor.

Barulho ou sopro no ouvido. Muitas vezes, a pessoa tem a sensação de ter um “coração batendo” ou “tinnitus” no ouvido. Isso pode acontecer por conta de um fluxo turbulento na drenagem venosa cerebral no seio dural transverso/sigmóide, promovido pela hipertensão venosa do crânio, que vai para a região de baixa pressão em direção da veia jugular interna, que drena esse sangue. Mas, esse barulho nem sempre será pulsante e pode acometer um ou ambos os ouvidos.

– Distúrbios visuais. Os nervos ópticos, que ficam atrás dos olhos, também são comprimidos pelo líquido. Isso faz com que os sintomas também aconteça na visão, que pode ficar embaçada, dupla ou ocorrer até mesmo a perda da visão periférica ou episódios intermitentes de perda da visão que se não tratado rapidamente pode piorar e se tornar permanente.

– Outros sintomas. Aqueles com hipertensão intracraniana idiopática podem ainda sentir náuseas, vômitos, diminuição da memória, rigidez de nuca e outros sintomas inespecíficos.

Diagnóstico

O diagnóstico da hipertensão intracraniana idiopática pode ser feito com base em quatro exames, que são a ressonância e a angiorressonância venosa magnética do crânio, a tomografia e a angiotomografia venosa do crânio. No caso de dúvida o exame padrão ouro é a angiografia cerebral com medida de pressão venosa intracraniana e também a punção lombar liquórica com medida de pressão. 

As principais alterações vistas nos exames diagnóstico de imagem são:

– retificação da parede posterior do globo ocular;

– edema e tortuosidade do nervo óptico;

– sela túrcica parcialmente vazia;

– estenose importante ou oclusão do seio venoso transverso associado a hipoplasia do seio venoso transverso contralateral

– estenose importante de ambos os seios venosos transversos.

– gradiente de pressão venosa intracraniana > 8 mmHg;

– pressão liquórica lombar > 25 cm H2O;

– papiledema do exame de fundo de olho com oftalmologista.

Tratamento

Atualmente, a hipertensão intracraniana idiopática pode ser tratada por métodos endovasculares quando ela é causada por estenose de seio venoso transverso. Neste caso, o melhor a se fazer é a colocação de stent no local da estenose venosa, fazendo com que a o calibre da veia volte ao seu diâmetro normal. Isto faz com que melhore a drenagem venosa do cérebro, normalizando a pressão venosa intracraniana e consequentemente a produção do líquor e sua reabsorção. Uma outra alternativa no tratamento da hipertensão intracraniana idiopática é a derivação, com colocação de válvula lomboperitoneal para normalizar a drenagem do líquor e a pressão venosa intracraniana. Atualmente em centros aonde se faz o tratamento endovascular a derivação lomboperitoneal é indicada como primeiro método de tratamento, quando a causa da hipertensão intracraniana idiopática é indeterminanda e não tem como causa a estenose de seio venoso transverso cerebral.

O médico que trata faz o tratamento endovascular da hipertensão intracraniana idiopática é o Neurorradiologista Intervencionista. Ele é capaz de diagnosticar o problema e realizar seu tratamento completo, fornecendo ao paciente todos os esclarecimentos para que tenha a melhor alternativa para seu problema.


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