Malformação Arteriovenosa Cerebral: Entendendo seus sintomas e opções de tratamento
Postado em: 21/10/2024
A Malformação Arteriovenosa Cerebral (MAVC) é caracterizada pelo desenvolvimento anômalo do sistema vascular, consistindo em emaranhados de vasos sanguíneos malformados, conhecido como “nidus”, nos quais as artérias nutridoras estão diretamente conectadas a uma rede de drenagem venosa sem qualquer sistema capilar ou parênquima cerebral normal interposto.
Embora raras, essas malformações são uma causa significativa de hemorragia intracerebral especialmente em adultos jovens, o que torna seu diagnóstico e tratamento essenciais.
Neste artigo, vou comentar os principais sintomas das MAVCs, as opções de tratamento e as inovações que estão proporcionando resultados mais eficazes e menos invasivos para os pacientes. Continue a leitura para conferir!
Sintomas das MAVCs
Atenção: Na maioria dos casos, as MAVCs não apresentam sintomas iniciais e podem passar despercebidas até que ocorra uma complicação mais séria, como um sangramento intracerebral.
Contudo, quando os sintomas se manifestam, eles podem variar dependendo da localização da malformação no cérebro, bem como do tamanho e das características do “nidus”. Os sintomas mais comuns incluem:
- Dor de cabeça intensa: Muitas vezes descrita como uma dor de cabeça súbita e severa, semelhante a uma enxaqueca.
- Convulsões: Em algumas pessoas, as MAVCs podem causar episódios convulsivos, especialmente se a malformação estiver localizada em áreas do cérebro que afetam a atividade elétrica.
- Déficits neurológicos: Isso pode incluir perda de força em um lado do corpo, alterações na fala, visão dupla ou dificuldade de compreensão.
- Hemorragia cerebral: O primeiro sinal de uma MAVC em muitos casos é um sangramento cerebral, o que pode resultar em uma série de complicações graves, incluindo perda de consciência e danos cerebrais permanentes.
A taxa de sangramento anual em pacientes com MAVCs que ainda não apresentaram episódios de hemorragia é de cerca de 1 a 3%%.
No entanto, se já houve sangramento, o risco de novos episódios aumenta significativamente, dependendo de fatores como a presença de aneurismas associados, a drenagem venosa profunda e a idade do paciente.
Diagnóstico e estudo das MAVCs
O diagnóstico de uma “Malformação Arteriovenosa Cerebral“ geralmente começa com exames de imagem como a ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC), que podem identificar a presença de malformações vasculares no cérebro.
No entanto, o exame mais detalhado e preciso para confirmar a extensão da malformação e planejar o tratamento é a angiografia cerebral, que permite visualizar com clareza o fluxo sanguíneo e a estrutura dos vasos afetados.
Descobertas recentes publicadas na revista Nature Reviews Disease Primers sugerem que as MAVCs, anteriormente consideradas congênitas, podem, em alguns casos, se desenvolver ao longo da vida devido a problemas na formação de vasos sanguíneos, mutações genéticas ou crescimento anormal de vasos após lesões.
Essas novas descobertas trazem uma perspectiva inovadora ao entendimento das MAVCs, especialmente em relação à prevenção e aos fatores de risco.
Opções de tratamento para MAVCs
O tratamento de uma malformação arteriovenosa cerebral varia conforme a localização, o tamanho e a gravidade da malformação, além das condições clínicas do paciente.
Existem três principais opções de tratamento disponíveis, sendo cada uma indicada de acordo com as características da MAVC e o risco de complicações:
- Tratamento endovascular (embolização): Este é um procedimento minimamente invasivo, no qual um cateter é inserido pela virilha até alcançar os vasos anormais no cérebro. O objetivo é “fechar” a malformação utilizando agentes embolizantes que interrompem o fluxo sanguíneo. Esse procedimento pode ser usado isoladamente ou como etapa preparatória para uma cirurgia.
- Cirurgia convencional (ressecção): Dependendo do tamanho e localização da MAVC, a cirurgia pode ser indicada para remover a malformação. Esse procedimento é mais invasivo, envolvendo a abertura do crânio, mas pode ser a única solução definitiva em alguns casos mais complexos.
- Radiocirurgia: Esta técnica utiliza radiação de alta intensidade direcionada para tratar a MAVC. Embora o efeito não seja imediato, a radiocirurgia pode obliterar a malformação ao longo de meses ou até anos. Ela é indicada principalmente para MAVCs pequenas e de difícil acesso cirúrgico.
O tratamento mais adequado será determinado após uma avaliação cuidadosa por um especialista, levando em consideração os riscos de cada técnica e as características individuais do paciente.
Avanços no tratamento das MAVCs
Nos últimos anos, a combinação de tecnologias avançadas e técnicas menos invasivas tem proporcionado um futuro mais promissor para o tratamento de MAVCs.
A embolização, por exemplo, tornou-se uma opção preferida em muitos casos devido à sua eficácia e menor tempo de recuperação.
Em muitos casos, ela pode ser combinada com outros procedimentos para garantir o sucesso do tratamento.
Outro avanço importante é a radiocirurgia estereotáxica, que, com o uso de equipamentos altamente precisos, permite que a radiação seja direcionada exclusivamente para o nidus da MAVC, minimizando danos ao tecido cerebral saudável ao redor.
Em resumo, os avanços no tratamento de uma malformação arteriovenosa cerebral estão abrindo novas portas para procedimentos mais seguros, eficazes e menos invasivos. Hoje, com o auxílio de técnicas modernas e personalizadas, é possível tratar MAVCs de maneira a garantir uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Com mais de 10 anos de experiência em neurorradiologia intervencionista, estou à disposição para oferecer um diagnóstico preciso e um tratamento especializado. Entre em contato para mais informações sobre o meu trabalho!
Dr. Renato Tosello, PhD
Neurorradiologista Intervencionista
CRM: 133.066
RQE: 64.312 | RQE: 643.121 | RQE: 64.379
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