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Quiropraxia no pescoço pode causar AVC? Entenda essa relação

Postado em: 29/04/2021

Uma dúvida cada vez mais comum é: “quiropraxia no pescoço pode causar AVC?”. A resposta curta para essa pergunta é: sim, pode haver relação entre quiropraxia e acidente vascular cerebral, especialmente em pacientes jovens ou de meia idade.

No entanto, esse é um tema que ainda demanda estudos continuados para poderem ser feitas afirmações precisas.

Esse entendimento parte de uma declaração científica da American Heart Association (AHA) direcionada para profissionais de saúde intitulada “Dissecções da artéria cervical e associação com a terapia manipulativa cervical”. O texto foi preparado em colaboração com instituições de outras especialidades e analisa a literatura científica sobre a relação entre a realização de quiropraxia no pescoço e o risco de danos vasculares.

A conclusão é que, apesar das informações disponíveis serem escassas, é possível aferir algum grau de risco a partir da quiropraxia para a dissecção arterial – um fenômeno que desencadeia o acidente vascular cerebral (AVC).

A seguir, você vai entender como funciona esse processo e qual é o risco da quiropraxia em relação ao AVC.

O que é quiropraxia

A quiropraxia é uma prática complementar reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. Ela se dedica ao tratamento e à prevenção de problemas das articulações, músculos, tendões, ossos, nervos e outras estruturas responsáveis pelos movimentos do corpo.

De acordo com a Associação Brasileira de Quiropraxia, a prática se disseminou no Brasil a partir da década de 1990.

No tratamento quiroprático são utilizadas técnicas manuais no intuito de “ajustar” o sistema articular para reduzir o risco de lesões e diminuir as dores. É muito comum que, durante as sessões, ocorram estalos nas articulações como consequência dessas manobras.

Esses estalos são considerados por muitas pessoas como uma sensação altamente relaxante.

Estalar o pescoço provoca AVC?

Se você estala o seu pescoço esporadicamente e sem fazer força, calma! O risco de sofrer um AVC é bastante reduzido.

O mais seguro, no entanto, é evitar esse movimento. Essa recomendação é válida especialmente se sentir necessidade frequente de estalar o pescoço ou se tiver o hábito de fazer uma forcinha com as mãos para induzir o estalo.

Para entender por que existe esse risco, podemos fazer uma analogia: imagine um canudo que você estica e torce para um lado e para o outro. Dependendo do movimento, esse canudo pode rasgar. Algo semelhante ocorre com as artérias que passam pelo pescoço. Elas estão preparadas para a mobilidade normal do nosso corpo. No entanto, se for feita uma pressão muito grande, brusca ou intensa, podem ser danificadas.

Por isso a preocupação com determinados movimentos da quiropraxia, quando um impulso de alta ou baixa amplitude é aplicado à coluna cervical (parte superior da coluna).

O nome médico desse “rasgo” na artéria é dissecção. Ela pode ocorrer apenas na parede interna da artéria, provocando um acidente vascular cerebral isquêmico. Ou pode danificar todas as camadas da parede arterial, fazendo com que o sangue vaze para seu exterior. Nesse caso, ocorre um quadro de AVC hemorrágico.

Dissecção e AVC

As dissecções de artérias na altura da coluna cervical estão entre as causas mais comuns de acidente vascular cerebral em adultos jovens e de meia-idade. Segundo o documento da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), apesar de elas serem responsáveis por apenas 2% de todos os acidentes vasculares isquêmicos na população em geral, esse índice sobe para 8% a 25% em pacientes com menos de 45 anos de idade.

Diagnóstico

O diagnóstico de dissecção cervical depende de uma história completa, exame físico e investigações auxiliares direcionadas.

A ultrassonografia com Doppler, a angiografia arterial por tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a angiografia arterial por ressonância magnética são úteis no diagnóstico de dissecção. No entanto, o método “padrão-ouro” para se fazer o diagnóstico de dissecção arterial e avaliação de necessidade ou não de tratamento endovascular é a angiografia cerebral.

A neuroimagem de acompanhamento é feita preferencialmente com modalidades não invasivas, mas cabe aos médicos avaliarem caso a caso a necessidade de cada paciente.

Tratamento

Caso seja detectada uma dissecção arterial, pode ser realizado tratamento medicamentoso (antiplaquetários e anticoagulantes) associado ou não à terapia endovascular (colocação de stent e/ou micromolas de platina). Isso irá depender do grau e tipo de dissecção arterial.

Dissecções x AVC x quiropraxia

De acordo com a AHA, existe uma associação entre traumas mecânicos (como acidentes de carro, queda ou mesmo viradas bruscas do pescoço e pressões manuais) e dissecções da artéria vertebral.

É discutível na comunidade científica o papel do trauma trivial – por exemplo, uma intensidade um pouco maior realizada pela própria pessoa em um movimento cotidiano. Mas sabe-se que forças mecânicas podem levar a lesões das artérias vertebrais e carótidas.

A organização conclui que, embora as evidências atuais sejam insuficientes para alegar com certeza que a quiropraxia causa dissecção, relatórios clínicos sugerem o contrário. Além disso, a maioria dos estudos populacionais controlados encontrou uma associação entre quiropraxia e AVC em pacientes jovens.

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