Há casos de aneurisma na família? Entenda qual é o risco de você ter também
Postado em: 12/03/2021
Você já ouviu falar sobre aneurisma cerebral? O aneurisma cerebral é uma deformação que ocorre na parede de um vaso sanguíneo (artéria ou veia), sendo mais comum nas artérias que levam sangue até o cérebro.
Estudos estimam que cerca de 2% da população em geral convivam com pelo menos um aneurisma cerebral, sem, no entanto, sentir nenhum sintoma por algum tempo.
O problema é que o aneurisma pode crescer e se romper, causando hemorragia intracraniana subaracnoide e resultando, na maioria das vezes, em sequelas neurológicas importantes ou morte. Por isso, a medicina se dedica a investigar a existências dessas formações aneurismáticas para agir preventivamente e salvar vidas.
Para isso, os cientistas buscam fazer correlações entre o que é observado na prática clínica e o que os próprios pacientes reportam, comprovando ou contestando essas hipóteses com estudos científicos.
Um dos dados que chama atenção da comunidade de saúde é que uma parcela significativa dos pacientes que apresentam aneurisma relata haver histórico familiar do problema. Assim, normalmente o médico ouvirá com bastante atenção caso você informe, durante uma consulta, que seu pai, irmã ou outro parente próximo já passou por isso.
Mas será mesmo que o histórico familiar é tão relevante? E como ele influencia na detecção precoce do problema? Você tem casos de aneurisma na família? Confira a seguir o que dizem as pesquisas.
Triagem em familiares de primeiro grau
Um estudo norte-americano realizado em 2014 pelo Familial Intracranial Aneurysm partiu da seguinte observação: aproximadamente 20% dos pacientes diagnosticados com aneurisma cerebral afirmam ter histórico na família de aneurisma cerebral ou derrame hemorrágico.
Assim sendo, entender melhor as predisposições familiares para essa condição permitiria aprimorar as estratégias de triagem precoce do aneurisma.
O estudo norte-americano concluiu que, entre os parentes de primeiro grau de pacientes de aneurisma com 30 anos ou mais, as mulheres ou as pessoas com histórico de fumo ou hipertensão têm risco aumentado de também ter um aneurisma cerebral.
Uma outra pesquisa canadense já havia realizado uma revisão literária chegando a conclusões parecidas:
- parentes de primeiro grau de pacientes com aneurisma cerebral têm maior risco de apresentar aneurisma se comparados com parentes de segundo grau; esse risco aumenta quando dois ou mais parentes de primeiro grau são afetados.
- familiares acima de 30 anos com dois ou mais parentes de primeiro grau afetados e certos fatores de risco, como ser do sexo feminino ou ter hipertensão arterial, aumentam ainda mais a chance de sofrer aneurismas intracranianos não rotos.
Devo ou não me submeter a um exame para detectar o aneurisma?
Toda intervenção tem prós e contras. Por isso, quando se trata do cérebro humano, são tão importantes os estudos específicos para classificar os perfis de pacientes que têm maior probabilidade de serem vítimas tanto da formação de aneurismas quanto de sua ruptura.
Caso você acredite que se encaixa no perfil de risco para o aneurisma, o primeiro passo é agendar uma consulta com um médico especialista e esclarecer todas as dúvidas. Com base no que você relatar e nos conhecimentos científicos do profissional, será possível tomar uma decisão mais adequada para o seu caso.
Por que a detecção precoce é importante?
Apesar de relativamente comuns entre a população, aneurismas assintomáticos são perigosos pois podem se romper a qualquer momento. Um artigo publicado pelo Health Technology Inquiry Service, do Canadá, afirma que a taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias após a ruptura do aneurisma pode ser de 50%, sendo que quase metade dos pacientes que sobrevivem a esse evento apresentam algum dano neurológico cognitivo.
Como ficou claro nos dois estudos que apresentamos, há determinadas características que, combinadas, aumentam a chance de que a pessoa tenha um aneurisma assintomático. Caso o médico avalie ser esse o caso, provavelmente indicará a realização de exames para confirmar ou não o problema.
Como confirmar a presença de aneurisma cerebral?
A triagem de pacientes com aneurismas não rompidos pode ser feita utilizando-se técnicas não invasivas, com a angiografia arterial por tomografia computadorizada e a angiografia arterial por ressonância magnética. Outra possibilidade é optar por técnica minimamente invasiva como o estudo por cateter angiografia cerebral, que é o método considerado “padrão ouro” para a detecção e programação de intervenção cirúrgica.
Tenho um aneurisma. E agora?
O tratamento do aneurisma cerebral pode ser feito por meio de embolização ou pela neurocirurgia tradicional (clipping). A embolização é tida, hoje, como procedimento preferencial devido ao seu menor risco de complicação, alto índice de sucesso e rápida recuperação. Mas apenas o médico especialista é capaz de avaliar qual procedimento é o mais adequado caso a caso. Essas soluções irão prevenir sangramentos futuros no local reparado.